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Mostrando postagens de 2015

QUANDO OS FILHOS VOAM

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Sei que é inevitável e bom que os filhos deixem de ser crianças e abandonem a proteção do ninho. Eu mesmo sempre os empurrei para fora.Sei que é inevitável que eles voem em todas as direções como andorinhas adoidadas.   Sei que é inevitável que eles construam seus próprios ninhos e eu fique como o ninho abandonado no alto da palmeira... Mas, o que eu queria, mesmo, era poder fazê-los de novo dormir no meu colo... Existem muitos jeitos de voar. Até mesmo o vôo dos filhos ocorre por etapas. O desmame, os primeiros passos, o primeiro dia na escola, a primeira dormida fora de casa, a primeira viagem...   Desde o nascimento de nossos filhos temos a oportunidade de aprender sobre esse estranho movimento de ir e vir, segurar e soltar, acolher e libertar. Nem sempre percebemos que esses momentos tão singelos são pequenos ensinamentos sobre o exercício da liberdade.   Mas chega um momento em que a realidade bate à porta e escancara novas verdades difíceis de encarar. É o grito

A SAUDADE DE QUEM JÁ MORREU

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Quem sente sabe, a saudade é presença. A saudade permanece. É o que fica quando a dor se vai, a revolta se vai. Saudade não morre. Saudade maior é de quem já se foi. Mesmo nos que nutrem a fé no reencontro, é visível a dor de ter que seguir longe de quem se queria por perto. A dor de perder quem nos é querido, pela astuta ação da morte deixa em todos nos a marca da saudade. Quando a morte ocorre, experimentamos a forte dor e a sensação de termos perdido o chão, perdido as raízes e estarmos, então, soltos no mundo. A falta do outro bagunça e desestrutura. Sofremos muito e então vem o luto. O luto é um processo de adaptação após perdermos algo ou alguém que era importante para nós, ou seja, uma perda significativa. Quanto maior o vínculo afetivo, maior será o impacto. O luto é a incapacidade que temos de nos divertir, de estarmos felizes. Por um tempo é como se funcionássemos no automático e só conseguimos nos ocupar das tarefas cotidianas e daquilo que chamamos de trabalho. Qua

GENTILEZA

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Um homem trabalhava num frigorífico. Um dia, quando terminou o seu horário de trabalho, foi a uma das câmaras frigoríficas para fazer uma inspeção de última hora, mas por uma fatalidade, a porta fechou-se e ele ficou trancado. Ainda que tenha gritado e batido na porta com todas as suas forças, ninguém o ouviu.   A maioria dos funcionários já tinha ido embora e era impossível ouvir os gritos vindos   de dentro da câmara. Cinco horas mais tarde, quando o homem já estava à beira da morte, alguém abriu a porta.   Era o segurança que lhe salvou a vida. Após recuperar-se, o homem perguntou ao segurança como foi possível ele passar e abrir a porta, quando isso não fazia parte da rotina do seu trabalho. O segurança explicou:    “Eu trabalho nesta empresa há trinta e cinco anos”.    “Centenas de trabalhadores entram e saem todos os dias, mas você é o único que me cumprimenta pela manhã e se despede de mim à tarde”. Os outros tratam-me como se eu fosse invisível. Hoje, como todos o

O AMOR QUE EXISTE EM MIM

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"Quantos anos tenho? Tenho a idade em que as coisas são vistas com mais calma, mas com o interesse de seguir crescendo. Tenho os anos em que os sonhos começam a acariciar com os dedos e as ilusões se convertem em esperança. Tenho os anos em que o amor, às vezes, é uma chama intensa, ansiosa por consumir-se no fogo de uma paixão desejada. E outras vezes é uma ressaca de paz, como o entardecer em um a praia. Quantos anos tenho? Não preciso de um número para marcar, pois meus anseios alcançados, as lágrimas que derramei pelo caminho ao ver minhas ilusões despedaçadas, valem muito mais que isso... O que importa se faço vinte, quarenta ou sessenta?! O que importa é a idade que sinto. Tenho os anos que necessito para viver livre e sem medos. Para seguir sem temor pela trilha, pois levo comigo a experiência adquirida e a força de meus anseios. Quantos anos tenho? Isso a quem importa? Tenho os anos necessários para perder o medo e fazer o que quero e o que sinto..." [Jos

SOBREVIVER OS LUTOS PARA QUE ELES DEIXEM DE VIVER EM NÓS

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Um evento súbito, uma notícia triste, nosso chão aberto, o peito doendo, as lágrimas rolando e a gente se transbordando. A maioria dos nossos lutos são agudos, traumáticos, extremamente emotivos e quase não conseguimos acreditar que passarão. Mas passam, sempre passam e sempre levam os passados junto, de forma que um dia acordamos e queremos sentir o cheiro da vida com tanta vontade que até sentimos culpa.  E então, passou. Os lutos não andam sozinhos, eles chegam em bando. O da frente é o da vez, o que acaba de acontecer. E choramos esse luto tão doloridamente que mal percebemos os outros que se aninham na nossa dor e aumentam o caldo das lágrimas. A tristeza abre portas para lembranças estranhas, dores guardadas, assuntos passados, males trancados… Quando dizemos que algo não importa e já passou, precisamos ter cuidado. Isso pode bem vir a ser um dos irmãozinhos do luto atual que haverão de aparecer quando a porta for aberta… Uma pequena mágoa, uma saudade, um adeus não da

O TEMPO E AS JABUTICABAS

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Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver  daqui para frente do que já vivi até agora.  Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela  chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço. Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.  Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte. Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio. Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.  Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

TANTAS PALAVRAS

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Palavras: Pequenas com muitos significados. Longas que nada dizem. Palavras: faladas, escritas, lidas Pronunciadas, ditas, com olhares. Dizem muito ou nada. Palavras que alegram, que entristecem, que ferem. É prudente saber dar o tom do uso das Palavras. Sueli Dib 

TODO FILHO É PAI DA MORTE DE SEU PAI

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"Feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho  que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia." Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai. É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso. É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho. É quando aquele pai, outrora firme e intransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar. É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela - tudo é corredor, tudo é longe. É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios. E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceit

O MISTÉRIO DAS MEIAS PERDIDAS

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Meias sujas Inteiras vão para a lavadora. Meias curtas, Meias soquete, Meias ¾ Meias que somem Por que somem? Porque são meias, não são inteiras.  Sueli Dib

QUANDO CRESCER, QUERO SER PIPA

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Cores dançantes em um mar de azul. Assim Pedro vê o céu repleto de pipas da laje de sua casa. Ansioso, inicia o desenrolar de sua linha, o vento amigo está a seu favor, sua pipa vermelha levanta voo. Pedro “dá linha”, gosta da sensação de controle, sabe que pipa feliz é pipa amarrada, se ela se perde, acaba em tragédia. Aconteceu outro dia quando Pedro teve sua pipa cortada, sabe como é, nem toda pipa do céu é pipa parceira, tem pipa que tem fio de navalha e, do mesmo jeito que andar no morro pode ser perigoso, sua linda pipa amarela foi assassinada, após o corte fatal, rodou, perdeu o cúmplice controle e caiu em seu voo final. Nunca mais foi vista, embora ainda seja lembrada. Pedro gosta de pensar na vida das pipas como pensa na vida das pessoas, a noite, deitado na cama, planeja suas aventuras. Hoje, com sua pipa vermelha, pretende sair dos limites da favela e conhecer o mundo que existe do lado de lá, do lado que ele nunca foi. Ele pensa: será que a linha vai dar. Dá um p

O QUE VOCÊ VAI SER AMANHÃ?

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Du tinha cinco anos e Bya, uns quatro. Sentados no batente de casa, planejavam a vida para amanhã. Não conheciam o calendário anual com todos aqueles números e nomes para os dias da semana; conheciam o amanhã, somente. Era o tempo que acontecia, próximo e  instantâneo. Du, com as mãos sobre os joelhos, confessa a Bya. _ Quando crescer, daqui a um monte de amanhã, quero ser um carro. _ Carro? Pergunta Bya com os olhos arregalados. _ Sim, para andar por todas as estradas, olhando os passarinhos nas árvores. E você, Bya, o que vai ser quando crescer? O que quer ser quando o amanhã tiver filhotes? _ Posso ser mais de uma coisa? _Pode. _ Então quero ser as estradas, o passarinho e a árvore. E os dois se olharam, sabendo que o amanhã era de verdade. Fonte: Lúcia Costa

NA CONTRAMÃO DO INDIVIDUALISMO

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Há no Japão um grupo de 200 aposentados, em sua maioria engenheiros, que se oferece para substituir trabalhadores mais jovens num perigoso trabalho: a manutenção da usina nuclear de Fukushima, que foi seriamente afetada pelo grande terremoto em 2011. Os reparos envolvem altos níveis de radioatividade cancerígena.  Em entrevista à BBC, o voluntário Yasuteru Yamada, que tem 72 anos e negocia com o reticente governo japonês e a companhia, usa uma lógica tão simples quanto assombrosa.  - "Em média, devo viver mais uns 15 anos. Já um câncer vindo da radiação levaria de 20 a 30 anos para surgir. Logo, nós que somos mais velhos temos menos risco de desenvolver câncer", afirma Yamada. É arrepiante. Na contramão do individualismo atual - e lidando de uma maneira absolutamente realista em relação à vida e à morte -, sexagenários e septuagenários querem dar uma última contribuição: serem úteis em seus últimos anos e permitir que alguns jovens possam chegar à idade deles com saúde e

JUVENTUDE ETERNA

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Essa história que eu vou contar agora aconteceu com uma mulher inteligente que estava fazendo uma palestra.  Diz ela: "Mês passado participei de um evento sobre o Dia da Mulher. Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades. E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi. Foi um momento inesquecível... A platéia inteira fez um "oooohh" de descrédito. Aí fiquei pensando: "pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?" Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado "juventude eterna". Estão todos em busca da reversão do tempo. Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto s

MULHERES – o homem na relação?

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Sabemos que as mulheres trabalham muito, porque acumulam vários papéis – a maternidade cabe somente a elas. A grande maioria é também a principal provedora da casa com companheiro ou não. Toda a dinâmica da humanidade e os fenômenos culturais foram dissolvendo a família tradicional e favoreceram a mulher a assumir a linha de frente da família. Em alguns casos, para mulheres de classes mais baixas, esse papel se deu quase “à força”, como a ciência de seus valores e de serem o verdadeiro arrimo de família, por não terem em quem se apoiar e, muitas vezes, estarem sozinhas. Um processo que acontece no mundo há mais de 60 anos como reflexo dos processos industriais e culturais. Na atualidade não são apenas as mulheres de classes mais baixas, mas mulheres de todas as classes. Tal papel – a de provedoras – que antes constrangia o homem chegando a abalar o relacionamento, hoje mostra parceiros adaptados à situação alguns parecem acomodados ou conformados ou ainda assumem uma posição

DESIDERATA - Empenhe-se em ser feliz!

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Vá placidamente por entre o barulho e a pressa e lembre-se da paz que pode haver no silêncio.  Tanto quanto possível, sem capitular, esteja de bem com todas as pessoas.  Fale a sua verdade calma e claramente; e escute os outros, mesmo o estúpido e o ignorante;  também eles têm sua história. Evite pessoas barulhentas e agressivas: elas são tormento para o espírito. Se você se comparar a outros, pode tornar-se fútil e amargo; porque sempre haverá pessoas superiores e inferiores a você. Desfrute suas conquistas, assim como seus planos. Mantenha-se interessado em sua própria carreira, mesmo que humilde; é o que realmente se possui na sorte incerta dos tempos. Exercite cautela nos seus negócios;  porque o mundo é cheio de artifícios;  mas, não deixe que isso o torne cego à virtude que exista. Muitas pessoas lutam por altos ideais;  e por toda parte a vida é cheia de heroísmo.  Seja você mesmo. Principalmente, não finja afeição. Nem seja