PRECONCEITO
O
nome preconceito traz uma explicação em si.
Basta
decompor a palavra: "pré"e "conceito", em
outras palavras, toda ideia elabora antes do conhecimento concreto, toda
concepção anterior à experiência. toda postura apriorística, toda opinião sem
base real é, conceitualmente, um preconceito.
Aqui
já vai a primeira desconstrução crítica do preconceito.
Ter
preconceito é ter uma falha de visão, um procedimento não científico, porque
criou opinião sem conhecimento, elabora alternativas carentes de objetividade,
julga sem ver e afirma sem conhecer.
O
preconceito é um ato de pouca inteligência, ainda que gente muito inteligente
possa ser preconceituosa.
O
preconceito é sempre burro, mas pode ser compartilhado por gênios e estúpidos.
A
primeira característica do preconceito é sua falta de base científica.
Enunciar
um preconceito deveria ser feito com mais cautela do que o comum, pois implica
reconhecer que ao menos uma parte minha funciona de forma insatisfatória ou
limitada. Mesmo que eu seja uma pessoa capaz e mentalmente avançada,
reconheço (ao ser preconceituoso) que uma parte minha não acompanha essa
sagacidade.
É
um ponto cego ou um canto obscuro da minha consciência e racionalidade.
Mostra
minha limitação, mas mostra meu medo também.
Aqui
iniciamos o segundo pilar do preconceito.
Além
de ser uma limitação mental, é uma demonstração de medo.
O
alvo do meu ódio é o objeto do meu medo.
Os
pobres, os negros, as mulheres, os gays, os velhos: imagino-os capazes de me
destruírem. Na minha fantasia, suponho-os com força suficientes para acabar com
meu mundo. Tenho medo e, como toda criança assustada, fico agitado, agressivo,
tenso.
O
medo é um dos pais do preconceito.
O
ódio é seu filho primogênito. É uma família complementar.
Saltam
aos olhos os eixos negativos do preconceito: burrice e medo. Mas apenas gente
limitada ou muito negativa teria preconceito?
A
resposta, um pouco dolorosa, é não.
Fonte: excerto do livro: "A detração"de Leandro Karnal.
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