A MATURIDADE DO AMOR



Uma das características da infância é a incapacidade de dividir coisas. Uma criança não pode dividir porque não se possui, porque ainda não sabe o que ela é.
Você começa a identificar a maturidade a partir do momento em que uma criança consegue perceber as regras de um joguinho.

A maturidade faz parte de um processo.
Em um processo não podemos queimar etapas. Ele é lento, chato e demorado.
Uma criança passa por um momento de amadurecimento a partir do momento em que começa a brincar.
A maturidade acontece quando tomamos posse do que nós somos, para aí então podermos nos dividir com os outros. Isso faz parte desse processo de amadurecimento. 

Não nascemos amando, pelo contrário, queremos ter a posse dos outros. Essa é a forma de amar da criança, pois ela não consegue pensar de maneira diferente. Ela não consegue entender que o outro não é ela. Quantas pessoas, já adultas, ainda pensam assim, trata-se da incapacidade de amar devido à falta de maturidade. 

Só se começa a amar a partir do momento em que eu não quero mudar quem eu amo. 
Amar significa gostar do outro como ele é. Por isso quando falamos em amar os outros podemos perceber o quanto deixamos de ser crianças. Devemos nos questionar a todo o momento com relação à nossa maturidade. 

Pessoas imaturas sofrem dobrado. Pessoas imaturas querem modificar os fatos; ao passo que pessoas maduras deixam que os fatos as modifiquem. A maturidade nos faz perceber que não podemos mudar os fatos.
Um imaturo ganha um limão e o chupa fazendo careta.
 O maduro faz uma limonada com o limão que ganhou.

Muitas vezes, os nossos relacionamentos são uns fracassos porque somos imaturos. Amigos, namorados, esposos, não são o que imaginamos, mas o que eles são e com todos os defeitos.
Amizade, namoro e casamento é processo de maturidade que nos leva ao verdadeiro encontro com as pessoas que estão ao nosso lado. Elas têm todos os defeitos, mas fazem parte da nossa vida e não as trocamos por nada deste mundo.
Se você não consegue lidar com os limites dos outros, é porque você não consegue lidar com os seus limites. A rejeição é um processo de ver-se. Toda vez que eu quero buscar no outro o que me falta, eu o torno um objeto. Eu posso até admirar no outro o que eu não tenho em mim, mas eu não tenho o direito de fazer dele uma representação daquilo que me falta. Isso não é amor, isso é coisa de criança!
Amar alguém é viver o exercício constante de não querer fazer do outro o que nós gostaríamos que ele fosse.
A experiência de amar e ser amado é, acima de tudo, a experiência do respeito.

Autor: padre Fábio de Melo

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